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Terra de Marmelos

Texto e fotos: Marcelo JB Resende. REPRODUÇÃO PROIBIDA.


Em Marmelópolis chaminés, aqui e acolá, parecem brotar do chão. São testemunhas que resistem e insistem em contar a história de uma época de fartura, tamanha a ponto de batizar e marcar para sempre a cidade.


Na década de 1960, mais de um quarto de todos os marmeleiros de Minas Gerais estavam plantados lá, na antiga localidade de Queimada. Toda esta fartura vinha desde a década de 1930, quando a marmelada se firmou como o doce industrializado mais popular do Brasil. A fruta, originária do Cáucaso (Ásia Ocidental), veio para o Brasil nas primeiras expedições colonizadoras. Chegou e conquistou a Mantiqueira.

 

Pouco se sabe sobre a história remota de Marmelópolis. Acredita-se que os primeiros habitantes tenham sido os índios Timbiras, que desapareceram da região logo nas primeiras investidas dos bandeirantes, exatamente pelo fato da região ser uma das portas de entrada para as riquezas lendárias de Minas Gerais.

 
Clique para ampliar - cópia proibidaIgreja Nossa Senhora Aparecida.

Clique para ampliar - cópia proibidaMarmelaria desativada.

A história conhecida começou a ser contada no início do séc. XIX, com a chegada da família do alferes Antônio José Ribeiro, vinda do Rio Grande do Sul. O objetivo de Ribeiro nada tinha de original: procurar ouro. Para isso se estabeleceu num lugar chamado Incubatão (atual bairro Cubatão). Lá construiu uma fazenda, de onde seus escravos saiam para garimpar ouro de aluvião no local que ficou conhecido como Cata dos Marins.

 

Mais tarde, um dos filhos do alferes, Manoel Ribeiro de Carvalho (Capitão Neco) roçou uma grande área e tocou fogo em tudo. Sua intenção era construir uma nova fazenda para viver com sua esposa, Mariana Justina de São José. No entorno desta fazenda iria surgir o primeiro núcleo povoado com o sugestivo nome de "Queimada", pertencente à freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá (hoje município de Delfim Moreira). Sua população vivia da lavoura de feijão, milho e fumo, além do garimpo irrisório. A partir de então a história dá um salto e chegamos ao filho de Manoel Ribeiro de Carvallho, Manoel Frederico Ribeiro, que trouxe para a localidade as primeiras mudas de marmelo. Isso foi em 1914 e começava aí a sina de sucesso e prosperidade que abraçaria a Queimada na primeira metade do séc. XX.

 

A planta, cujo fruto se assemelha a uma pêra, se adaptou bem ao solo e ao clima, formando extensas plantações. Não é consumida in natura, mas na forma de doces, sucos e outras manufaturas. A marmelada era uma febre nacional, doce popularíssimo. A Queimada ganhava sua primeira fábrica de polpa em 1935, seguida de várias outras que pululavam os vales com suas inconfundíveis chaminés. Para escoar a produção - que chegou a 20 mil toneladas em uma única safra - de polpa sugiu uma estrada de 22 quilômetros até Delfim Moreira, até hoje o principal acesso à cidade. A Queimada foi emancipada em 1963, recebendo a nova cidade o nome de Marmelópolis. Ironicamente, a partir dali, a produção começaria a decair.


Clique para ampliar - cópia proibida1ª fábrica de polpa de marmelo - acervo da prefeitura.

Clique para ampliar - cópia proibidaEmancipação da cidade em 1963 - acervo da prefeitura.
 

O "amarelo" marmelo foi o ouro de Marmelópolis até o final da década de 1960. De lá para cá a produção entrou em um forte processo de decadência não só na cidade, mas em todo o Brasil. Minas Gerais continua sendo o principal produtor, mas sua produção mesmo assim é insuficiente para abastecer o país. O marmelo é uma cultura caprichosa (requer muitos cuidados) e deixou de ser atrativa comercialmente para os produtores. Sobrevive até hoje em Marmelópolis nas mãos de produtores artesanais que insistem não apenas em cultivar a fruta, mas a autêntica história do lugar.

 

Hoje a produção gira em torno de 20 a 30 toneladas por ano. Tanto a floração (entre agosto e setembro) quanto a colheita (no verão) são ocasiões interessantes para se conhecer Marmelópolis. A colheita é à moda antiga, onde varas de bambu servem para sacudir os galhos. As frutas são recolhidas do chão. Assim é mantida a tradição, que pode encontrar no turismo um incentivo a mais. Estar em Marmelópolis e não saborear uma marmelada é como ir a Roma e não ver o Colisseu. Levar do doce também é um ritual.




Clique para ampliar - cópia proibida A exuberância das paisagens rurais de Marmelópolis.

Clique para ampliar - cópia proibida Outra fábrica desativada na região do Zé da Abé.
 
Clique para ampliar - cópia proibida Rio Lourenço Velho.
 
 

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