|
|
Você está na matéria de Caxambu
|
|
Escrita pelas Águas
Texto e fotografia (exceto as creditadas): Marcelo JB de Resende
|
As virtudes das águas de Caxambu foram essenciais para o surgimento da cidade. Em 1674 a bandeira comanda por Lourenço Castanho Tazques alcançou o sopé de um morro de nome "Cachambum", vencendo os índios Cataguases e empurrando-os para o oeste. Passaram desapercebidos pelas fontes que, embora muito bem escondidas na densa mata, denunciavam sua presença pela fertilidade daquelas terras.
|
|
É difícil estabelecer quando foram descobertas as fontes. O certo é que foram achadas aos poucos, muitas vezes por acaso. Uma data significativa é 1748, com a construção, por Estácio da Silva, de uma capela homenageando N. Sra. dos Remédios. O nome faz crer que Estácio pode ter experimentado as qualidades de alguma fonte. Seja como for o pequeno e espalhado povoado, pertencente à freguesia de Baependi, passaria mais tarde a ser chamado de N. Sra. dos Remédios de Caxambu.
Duas fazendas (das Palmeiras e Caxambu) existiam nas redondezas em 1814. Provavelmente seus funcionários tenham se deparado com algumas fontes. Após beberem da água - e constatarem seu sabor estranho - deram origem aos rumores que se espalharam por toda a região. Em 1841 o lugar já era bastante visitado por pessoas acometidas das mais diversas enfermidades: reumatismo, lepra, cegueira e até mesmo loucura. Temendo a contaminação, o juiz de Baependi determinou a retirada de todos.
|
|
Morro Caxambu, à direita.
Análise das águas (1902).
|
Somente em 1844 surgiram as primeiras construções. Felício Germano Mafra desbravou o matagal, descobriu três novas fontes e executou benfeitorias para que os enfermos pudessem aproveitar melhor as águas. Mafra foi encarregado desta tarefa por Antônio de Oliveira Arruda, fazendeiro de Barra Mansa que teve sua esposa curada pelas águas de Caxambu. Mesmo com as melhorias o desenvolvimento do lugar era demasiado lento e ainda não se viam casas nos arredores das minas em 1852.
Visitas ilustres chegaram em 1868, nada mais que a Família Imperial do Brasil. Vieram da Corte sabedores das magníficas qualidades das águas do lugarejo, onde permaneceram por um mês. Dom PedroII, dona Leopoldina, o duque de Saxe, a princesa Isabel e seu marido conde D'Eu batizam algumas fontes do Parque das águas. Após tratamento a princesa Isabel, que sofria de anemia, engravida. Como gratidão manda erigir a igreja de Santa Isabel de Hungria. Nem os hóspedes imperiais conseguiram motivar o crescimento de Caxambu.
A situação só começou a mudar em 1875, com a abertura de concessão para a exploração das minas. A Companhia das águas Minerais de Caxambu, organizada em 1886 pelo Dr. Policarpo Viotti, realizou importantes obras como captação das águas, drenagem, construção do balneário e casas para aluguel. A concessão da empresa foi transferida em 1890 para o conselheiro Francisco de Paula Mayrink. As propriedades medicinais das fontes de Caxambu foram estudadas em 1893 por uma comissão de químicos e médicos da Academia Nacional de Medicina.
|
Alameda no Parque das Águas.
Fonte D. Pedro.
|
|
Caxambu floresce no início do século XX. Possui estação de trem, hotel e se emancipa de Baependi em 1915. A partir daí se tornou um dos principais pontos turísticos de Minas Gerais, junto às demais cidades do Circuito das águas. Recebe visitantes influentes, como o jurista e político Rui Barbosa, que declarou: "Caxambu é um jardim de florescência deslumbrante". O município espalhou a fama milagrosa de suas fontes pelo mundo. Só para se ter uma idéia: em 1922 existiam permanentemente na cidade oito orquestras, contratadas exclusivamente para alegrar os hotéis e cassinos. As águas passaram a ser engarrafadas sem contato manual e exportadas em 1956.
|
Vista da cidade, a partido do morro Caxambu.
|
Família imperial.
|
|
Parque das Águas.
|
|
|
|